Em idos da década de 90, quando Grêmio e Palmeiras pareciam nascidos para se
enfrentar, soaria estranho dizer que um empate por 2 a 2 no Olímpico, em um 13
de novembro de 2011, manteria os riscos de queda para os paulistas, não a
esperança de título. E soaria ainda mais estranho observar que os gaúchos, tão
vibrantes naquela época, teriam uma atuação insossa em grande parte do jogo,
como se pouco valesse.
É que, na crueldade da matemática, o jogo pouco valeu para o Grêmio mesmo. Em
clima de fim de temporada, pensando em contratações e dispensas, o time tricolor
se livrou de uma das cinco partidas necessárias para encerrar outro ano de vacas
esqueléticas. Para o Palmeiras, era bem diferente. A vitória era necessária para
evitar uma ameaça de rebaixamento que ganhava forma - alimentada por oito jogos
sem vitórias e por quatro derrotas seguidas.
Cicinho abriu o placar para o Palmeiras, ainda no primeiro tempo. Marcos
Assunção, de falta, ampliou na etapa final. Brandão e Fernando empataram para o
Grêmio.
O resultado levou o time paulista a 42 pontos, na 13ª colocação. A ameaça de
queda à Série B ainda existe. Os tricolores, com 47, estão em 11º. Na próxima
rodada, o Palmeiras recebe o Vasco no Pacaembu, e o Grêmio visita o Fluminense
no Engenhão. Os dois jogos são na quarta-feira.
Não fosse um domingo de relativo calor em Porto Alegre, os torcedores que
foram ao Olímpico poderiam aproveitar os primeiros 20 minutos de jogo para se
enrolar em um edredom e transformar a arquibancada do Olímpico em cama. Porque
foi de dormir. A largada da partida foi tão ruim, tão ruim, tão ruim, que acabou
sendo didática ao extremo: explicou em pormenores a posição de Grêmio e
Palmeiras na tabela.
Parecia uma competição de quem errava mais passe, de quem se enrolava mais
nas pernas dos marcadores, de quem tratava a bola com mais estranheza. O
Palmeiras estava muito mal. E o Grêmio, idem. Mas aí o time visitante resolveu
pelo menos colocar algum movimento no jogo. Fez um gol.
Foi aos 25 minutos. E em uma jogada que serviu de contraste para a ruindade
do primeiro tempo. O Palmeiras chegou à rede do Grêmio em um lance de
plasticidade rara. Começou com Cicinho, que passou reto por Rochemback. E
terminou com ele mesmo, aproveitando o rebote de defesa sobrenatural de Victor,
em cabeceio à queima-roupa de Ricardo Bueno após cruzamento de Tinga. A defesa
do Grêmio estava em outro mundo.
O time de Celso Roth também teve azar. O esquema 4-5-1, com Miralles de
atacante (André Lima foi vetado), ruiu quando Escudero se machucou, sentindo
dores no joelho. Brandão entrou no time, que passou a atuar no 4-4-2. Não deu
grande resultado.
A melhor chance tricolor na partida foi antes mesmo do gol do Palmeiras.
Brandão girou para o gol, Deola espalmou, a zaga cortou. Mas a superioridade
alviverde foi visível. O Verdão teve sete conclusões (ruins, é verdade) no
primeiro tempo, contra duas do Tricolor.
O nome é Marcos. O sobrenome é Assunção. E a especialidade é fazer gols de
falta. Em um segundo tempo novamente atrapalhado, com o Grêmio atropelando as
próprias pernas, com o Palmeiras jogando o suficiente para manter o controle, o
volante decidiu o jogo.
Foi aos 14 minutos. Em falta pelo lado esquerdo de ataque, Assunção mandou a
cobrança buscando o canto direito de Victor. A bola desviou na barreira. Victor
corria para um lado, e a bola foi para o outro. Quando ele voltou, desviou de
leve nela, mas não o bastante para evitar o gol. O 2 a 0 parecia exterminar o
Grêmio.
Mas ainda havia ar para respirar do lado azul. Antes tarde do que nunca, o
Grêmio reagiu. Leandro, mandado a campo no lugar de Adílson, fez boa jogada e
acionou Brandão. O centroavante bateu cruzado para descontar e dar o mínimo de
esperança aos gaúchos.
O problema do Grêmio é que existe um caminho entre a esperança e a
concretização da meta. E ele quase não foi percorrido. Mas pintou Fernando, com
um golaço da intermediária, para salvar o time tricolor da derrota. E manter
complicada a vida palmeirense.
@leonardoimortal
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