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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Histórias que eu vivi - episódio 1, Grêmio Bicampeão da América!

Era 30 de agosto de 1995 quando saímos bem cedinho do Aeroporto Salgado Fillho, em vôo fretado, com destino à Medellin, onde o Grêmio enfrentaria naquela mesma noite o Atlético Nacional, em busca do bicampeonato da América. Fizemos um pit-stop em Manaus para, logo depois, partirmos em direção a terras colombianas. Muito otimismo aparente, mas lá no fundo a ansiedade tomava conta de todos nós. O remédio era beber ceva para relaxar.
Chegando a Medellin, início da tarde, embarcamos em ônibus que nos levaria ao Hotel Intercontinental, onde o Grêmio estava hospedado. A Colômbia vivia um caos de guerrilhas e os cartéis do narcotráfico comandavam o País. No caminho entre o aeroporto e o hotel a primeira grande surpresa: nosso ônibus foi parado numa blitz pelas Farcs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia); fomos obrigados a descer do veículo e aguardar na beira da estrada, sobre forte vigilância armada, até que alguns guerrilheiros vistoriassem nossa bagagem e documentos. Se a tensão pelo jogo era grande, depois desta novidade, ficou potencializada.
Finalmente liberados, seguimos nosso trajeto. Na chegada ao hotel, de pronto, fomos recepcionados por alguns dirigentes, todos muito nervosos, e um único atleta, Jardel, que estava absolutamente tranquilo e confiante.
Final da tarde, por volta de 18 horas (20 horas no Brasil), partimos, enfim, com a delegação, rumo à cancha, Estádio Atanásio Girardot. Batedores militares e um forte esquema de segurança nos acompanharam em todo o trajeto pela cidade. Quando chegamos ao local do jogo nova surpresa nos aguardava e renovados momentos de tensão: havia um verdadeiro corredor polonês para aproximadamente 100 heroicos gremistas que lá estavam para ingressar no interior do estádio. E assim ocorreu. Ficamos todos esprimidos num cantinho da arquibancada, observando a torcida adversária fazer uma festa fantástica, promovendo "Olas" verticais, dando a impressão para quem está no gramado de que as pessoas estão invadindo o campo.
Pressão total! Faltando 1 hora para o início da partida os jogadores saíram do vestiário pela primeira vez, caminhando pelo campo e sentindo o ambiente da decisão. Felipão mandou eles retornarem ainda mais duas vezes até o horário do jogo, 20 horas local, 22 horas no Brasil. Enquanto isso, pelas arquibancadas, distribuíamos aos torcedores colombianos mais próximos, chaveirinhos, flâmulas e outros brindes do Grêmio, que levávamos nos bolsos, como política da boa vizinhança e cordialidade. Aliás, fomos tratados com extrema fidalguia. Famílias inteiras no campo e a beleza reluzente da mulher colombiana.
Os primeiros minutos da partida foram terríveis; estádio lotado (50.000 colombianos X 100 gremistas), sob forte pressão, o torcedor colombiano enlouqueceu quando, logo aos 12 minutos do 1º tempo, Aristizábal marcou 1X0 para o Nacional. Ora, alguma surpresa para nós, Gremistas? Claro que não, afinal de contas qual conquista alcançamos ao longo da nossa história que não fosse à base de muita luta e emoção? Mas, convenhamos, numa decisão de Libertadores é duro, ainda mais sabendo que um simples 2x0 dava o título aos colombianos (na 1ª partida, em casa, havíamos vencido por 3x1 e o saldo qualificado era um dos critérios de desempate).
Que sufoco! Até tivemos uma chance de empatar no 1º tempo com Jardel, mas o adversário fazia uma correria infernal. Veio o 2º tempo, conseguimos equilibrar o jogo e transferir a tensão e pressa para o adversário. Até que por volta de 40 minutos Alexandre Xoxó em alta velociade é derrubado na área e o juiz marca pênalti. Dinho bate num canto e Higuita cai para o outro. Golaço! O Grêmio estava empatando o jogo e conquistando o Bicampeonato da América sob o aplauso educado e respeitoso dos torcedores colombianos.
Até hoje não sei de fato como vários de nós conseguiu invadir o campo e dar a volta olímpica com os jogadores, comissão técnica e dirigentes. Guardo 2 fotos como recordação inesquecível: a do chute do Dinho entrando no gol e uma outra de dentro do vestiário, abraçado na Taça Libertadores da América, recém erguida pelo capitão Adilson.
A delegação retornou conosco no vôo fretado, em viagem que se iniciou já na madrugada do dia 31 de agosto de 1995, após a partida, quando tivemos que reabrir o aeroporto que já se encontrava fechado. Retorno glorioso. Era uma festa só no interior da aeronave. Ninguém conseguiu dormir, até mesmo porque vários repórteres viajaram junto, preparando matérias, tirando fotografias e realizando gravações.
Na chegada em Porto Alegre milhares de pessoas lotavam o Salgado Filho e acompanharam a carreata que conduziu os atletas campeões em caminhão de bombeiro até o Estádio Olímpico. A cidade ficou pintada de azul, preto e branco. Por mais uma noite o torcedor do Grêmio não adormeceu. Muito chopp e a festa de uma conquista que está guardada para sempre nos nossos corações tricolores.
GRÊMIO, BICAMPEÃO DA AMÉRICA!
Evandro Krebs.
Diretor Jurídico do Grêmio em 1995